O corpo de Clodovil será enterrado, em São Paulo, às 17 horas.
Parece estranho. Clodovil era uma daquelas pessoas que deveriam ficar eternamente entre nós.
A velha Dercy bem que tentou... Haja hora extra.
Mas Clodovil ainda tinha créditos de permanência. Lembro-me de quando passava as manhãs vendo-o desenhar os seus vestidos de noiva. Aquela fala mole. Trejeitos. Invadindo as casas de um ‘povinho’ cheio de preconceitos. Se não me falha a memória, um programa exclusivamente para o público feminino. E lá estava ele. Sem medo de ser Clodovil. Naquela época já era afiado nos comentários.
Um tempo longe da apresentação, mas não longe dos acontecimentos. Mais tarde vieram os programas de entrevistas. Clô para os íntimos...
Lembram do jargão?
Olhe para a lente da verdade e responda...
A casa é sua...
Hoje a lente da verdade saiu do ar.
O velhinho ‘botocado’ e esticado de plástica se foi.
A 'bichona' elegante de Brasília vai ser substituída por um ex-comandante da polícia militar. Exemplo de testosterona. Contra o aborto. Provavelmente homofóbico de carteirinha. Ou simpatizante por força de expressão.
Quem vai chamar as ‘barangas’ do Congresso de feias? E desafiar o machismo partidário da Capital Federal?
Quando foi eleito, em 2006, com um número recorde de votos, Clodovil admitiu que não sabia fazer política, mas que iria mudar Brasília. Recusou apoio condicional aos homossexuais. Era contra a afetação gratuita. Estava longe de ser um Harvey Bernad Milk. O Deputado mais delicado da história de Brasília morreu antes de apresentar um projeto que pretendia reduzir pela metade o número de cadeiras no Congresso Nacional.
Velamos dois defuntos: Clodovil...
e o seu projeto para reduzir as bocas famintas nas tetas públicas do Planalto Central.
Em todos esses anos uma coisa sempre me chamava a atenção nas entrevistas dadas por Clodovil. A relação que ele mantinha com a mãe adotiva, Izabel. De uma paixão impressionante. Chegava a ser comovente. Hoje, li na internet que os bens do deputado-estilista, por força de testamento, serão doados a uma instituição de caridade. Clodovil morreu sozinho em casa. Foi encontrado pelo assessor. O fruto de todo o seu trabalho e dos processos que move contra emissoras de TV serão doados a uma instituição de caridade. Pelo menos ele teve tempo de fazer o testamento. Quantos Clôs... perdem tudo.
As lembranças da ‘mãezinha do coração’ como ele sempre a chamava perderam o guardião. Vão ficar espalhadas por aí. Provavelmente se tornarão objetos sem nenhum valor. Antes tão ricos de significados.
Clodovil era uma dessas pessoas que parecia que não iria morrer tão cedo.
Empurrou garganta abaixo de muitos um pouco de respeito. De desrespeito também para conseguir respeito próprio...
Caminhar lânguido pelos prédios de Niemeyer.
Se foi o toque de glamour e contradição da dura e pálida Brasília.
Um comentário:
Darcy, hora extra foi tudo de bom... kkkk
Bjos... Estou bebada... Fui..
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