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Passo a passo. Era noite.
O som da cidade ficava cada vez mais distante.
Os moradores de rua. E a rua sem os seus moradores. Luzes se apagando.
Pessoas se recolhendo.
Boêmios...
Ladrões e putas.
A cidade seguia a sua movimentação. Estranha, mas compassada.
Os prédios, em sua maioria art decó, emolduravam o meu caminho.
Sacadas redondas.
Linhas retas passeando pelas paredes claras...
Beges.
Azuis, verdes...
Rachaduras e telhados velhos.
O tempo estava presente em cada esquina. Foi assim até chegar à casa dos espelhos. E, por um instante o medo me acompanhou. Meu reflexo não era bem o que esperava encontrar atrás daquela porta.
E durante toda a noite foi o que mais vi: minha imagem refletida.
Era eu que andava por aquele pequeno espaço.
E como num circo podia ver variações de uma mesma imagem.
Baixo...
Alto demais...
Magro demais...
Gordo demais.
Ansioso demais.
Medroso demais.
Demasiadamente pequeno.
Grandiosamente...
Os espelhos me sufocaram. E me alimentaram com um certo ar de mim mesmo.
Descobri que a casa da luz vermelha tem poucos espelhos.
E um pouco de espelho não faz mal a ninguém...
2 comentários:
Espelho, espelho meu...
Existe no mundo alguém mais linda do que eu?!!!!
beijossssssss
Viu só... Como espelhos não mentem... Beijos e saudades...
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