18 dezembro 2008

Tesouros Particulares




Passei o fim de semana na praia. Eu, meu pai, minha mãe e a vitrolinha. Fizemos uma viagem em velhos vinis e antigas lembranças. Os vinis em perfeito estado... Assim como todas as lembranças de uma história incrível. Descobri no 'seo' Osmar um personagem e tanto para uma das várias histórias que contamos ao longo da nossa vida...
"Eu deixava de empilhar madeira e corria para a estação de trem onde eu passava o resto do dia praticando telégrafo. Meu pai (o meu avô, no caso) dizia que empilhar madeira não era profissão. O telégrafo seria o meu ganha pão."
Meu pai recebeu o primeiro trem sozinho, na estação de Verísssimo, interior de Goiás, aos 14 anos de idade. Seu primeiro trabalho como rádio telegrafista foi encomendar duas marmitas para os passageiros famintos devido a longa viagem.
"Eu não consegui entender direito se eram duas ou vinte marmitas... Achei melhor pedir apenas duas e ficar torcendo para não errar. Foi um alívio quando o maquinista desceu e me perguntou onde estavam AS DUAS marmitas reservadas pelo telégrafo..."
'Seo' Osmar tentou me ensinar a profissão. Adorava brincar com o bip bip do telégrafo. Não aprendi, mas herdei dele a vontade de anotar recados... receber mensagens...interpretar e depois contar histórias.
Hoje, com a permissão dele, retransmito a vocês essa mensagem.

Uma música que me lembra esse momento tão especial:
Cascatinha e Inhana.

11 dezembro 2008

Trilogia: Silêncio, Espaço e Espera – Parte I

Nunca dei tanto valor ao silêncio.
A um pequeno instante de silêncio. Como se o mundo estivesse reservado para mim.
Só para mim.
Sem que ninguém invadisse a minha privacidade. Sem que o som de ninguém invadisse a minha privacidade. Sem que a música fosse abruptamente interrompida...
Nunca dei tanto valor ao silêncio.
Quando me deito e quando me levanto.
Acordei querendo o direito de escolher o que ouvir e quando ouvir.
Me retirar de cena na hora em que não quiser mais fazer parte desse espetáculo.
Não quero ouvir o som dos aplausos fora de hora. Os murmúrios indigestos da platéia.
Acordei com todos os sons me torturando... Lentamente. Como têm sido nas últimas semanas. O interessante é que nunca tinha reparado na riqueza dos sons. Dos ruídos. Que entram e saem sem pedir licença. Invasores. De corpos e de almas.
A festa de confraternização.
Felicidade que me afeta.
O barulho dos pratos.
Fartura que me irrita.
Os motores desregulados.
Irresponsabilidade que me desafia.
O sobe e desce numa cidade que nunca dorme.
Nunca dorme.
Nunca dorme.
Nunca dorme.
Ou dorme muito pouco.
Estou com medo dos barulhos que têm invadido a minha vida.
Nunca me senti tão barulhento. Dentro e fora.
Ônibus na sala de casa.
Pensamentos barulhentos.
Obras do metrô.
Experiências barulhentas.
O salto agulha na escadaria.
Sentimentos barulhentos.
Hoje, os meus passos foram guiados pelos meus ouvidos. Em busca do silêncio.
Entrei numa Catedral.
Nem as grossas paredes de tijolo e concreto me livraram do barulho da cidade. Eu estava barulhento por dentro. Aos poucos a fortaleza neoclássica me acolheu.
Os vitrais... A pouca luz... O piso antigo... Os lustres imponentes...
Aos poucos fui descobrindo um pouco do silêncio.
Até que um som chamou a minha atenção...
Um murmúrio... Alguém atrás de mim rezava com tanta força... Com tanta fé... Finalmente um som que me fez bem. Não conseguia entender o que aquela mulher dizia, mesmo assim peguei carona nos seus sons. Tirei meus fones de ouvido. E me entreguei aquele ruído... Não contive a emoção.
Não quis olhar para trás. Não queria uma imagem. Queria apenas o som daquele momento. Oramos juntos. Em silêncio. Com a mesma força. Pedindo um pouco de sossego para os nossos corpos.
Nunca dei tanto valor ao silêncio.
Nunca dei tanto valor ao meu silêncio. As horas que desperdicei falando o que não devia. Ao tempo que desperdicei criando barulhos que não merecia. Às vezes que submeti todo o meu corpo a ruídos que não suportaria.
O grito da criança no colo da mãe.
Solidão barulhenta.
O ranger dos trilhos.
Ansiedade barulhenta.
A correria do executivo.
Congestionamento humano.
E o meu ouvido não pára de funcionar.
Buzinas. Chamados. Murmúrios. Passos. Apitos. Sirenes.
Dúvida. Lamento. Esperança. Saudade. Orgulho. Inveja. Raiva. Carência. Paciência.
Muito ruído de uma vez só.
Confesso, não resisti e olhei para trás.
Era uma senhora...
Negra...
cabelos brancos...
Mãos juntas, frente ao rosto.
Olhos cerrados.
Pele enrugada...
Ela estava de joelhos.
Tranqüila e silenciosa...

09 dezembro 2008

Receita de uma confusão...





01 XÍCARA DE PASSADO.

(Ainda fresco. Sempre olhe a data de validade. Passado é fácil de estragar. E aí o cheiro não é nada bom. Passado bom para fazer uma ótima confusão é aquele fresquinho.)

01 XÍCARA DE PRESENTE.

(O presente tem que estar morno... quase frio. Caso contrário a receita vai desandar. Uma boa confusão precisa de um presente meio insosso. Esses são os melhores. É difícil encontrar, mas quando a gente acha é melhor comprar de baciada. Aí você congela e vai usando o presente frio aos poucos.)

02 COLHERES DE SOBREMESA DE FUTURO INCERTO.

(Não exagere na medida. Futuro incerto demais pode fazer a receita passar do ponto. Aí a confusão vira desespero. Por isso muito cuidado com esse ingrediente.)

01 PITADA DE MEDO.

(Cada um sabe a quantidade de medo que mais gosta. É bom não exagerar. Porque o medo é um tempero forte e pode acabar tirando o gosto dos outros ingredientes.)

01 COLHER DE PREGUIÇA.

(Fundamental para dar liga à receita.)

01 COLHER DE SOPA DE RASPAS DE EXPECTATIVAS.

(O toque de mestre para se fazer uma boa confusão. Daquelas que só a vovó sabe fazer. A minha fazia uma confusão melhor do que ninguém. A expectativa é responsável por aquele gostinho de quero mais. E aí a gente nunca fica só em um pedaço. Sempre quer comer um pouco mais.)

MODO DE PREPARO
Fazer uma confusão é muito fácil. Pegue todos esses ingredientes e misture tudo. A massa precisa ser muito bem sovada. Bata bem, mas bem mesmo. Até ter aquela sensação de dor por todo o corpo. Se a massa ainda estiver grudando adicione um pouco de lágrimas. São ótimas para desprender os ingredientes das mãos. Complete com pitadas de açúcar para melhorar o gosto amargo que fica depois. Leve ao forno. Quente como o inferno. E deixe por uns vinte minutos. Espere. Espere. Espere. Essa é a melhor parte da receita. Esperar.
Retire do forno e deixe esfriar.
Esta receita rende uma porção.
Não se preocupe. Confusão não engorda.
Bom apetite!!!!!!

02 dezembro 2008

Despedida...

Deixei o chaveiro em forma de tigre pendurado na caixa de energia.
Desde o início ele ficou ali para proteger a casa.
Para proteger a gente.
O ‘tigrinho’ estava de olho em tudo.
Achei melhor deixá-lo aí.
E dizer até logo.

27 novembro 2008

Saudade da terrinha...

Quando bate saudade de Goiânia procuro suas vozes pela rede... E olha só o que eu achei dessa vez:



A Guetsu tem uma história interessante. Trabalhamos juntos quando a banda ainda estava junta... Parece que foi ontem no quadro do Jornal Hoje " O Novo Som do Brasil":



Não podia deixar ela de fora. Nila Branco. Estava neste show. Gravação do DVD. Sucesso!!!!! Veja:

21 novembro 2008

Tema do dia...

V... i... d... a... p... u... l... v... e... r... i... z... a... d... a ...

Uma vida e...s...p...a...l...h...a...d...a...
Pertences e...s...p...a...l...h...a...d...o...s...
Nesse momento as coisas que construí estão e...s...p...a...r...r...a...m...a...d...a...s pela Paulicéia.
Velhos móveis na Heitor Penteado.
Velhas recordações na Plínio Barreto.
Móveis à espera de um destino no subsolo do prédio.
Móveis à espera de um morador na Maceió com a Consolação.
Cama, geladeira e fogão no litoral.
Lembro de um Cd que deixei na Teodoro. Saudades daquelas músicas.
Nunca mais voltei para buscá-las.
Uma pasta... uma portaria... Frei Caneca.
A espera de novidades num antigo e ligeiro endereço. Lembro dos sons da Augusta na janela do quarto. O relógio do Banco Itaú na estação Consolação...
Chegar em casa...
Minha vida nunca esteve tão e...s...p...a...r...r...a...m...a...d...a... por essa cidade. Situação comum em mudanças.
Incomum é esse sentimento de ser p...u...l...v...e...r...i...z...a...d...o...
Eaangústiaeodesesperodetentarreunirtudonovamente.
As
peças
perderam
o
sentido.
P
.
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e
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m
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.
.
o encaixe.
Precisam de nova liga.
Nova lida.
De repente a desorganização. A necessidade da limpeza. E a frieza do recomeço.
De repente a incapacidade.
A infelicidade.
A insegurança nessa cidade bandida.
O medo de que me levem o pouco que restou de tudo que construí.
Saudades do carro antigo. Do mundo antigo. Das leis antigas.
Das minhas antigas regras de convivência.
Fáceis regras de convivência. Da certeza de que o caminho era esse mesmo. Da pizza de mussarela na geladeira. Coca cola sem culpa. Pipoca de microondas...
Música... Filmes... E a paz...
Para onde voltar?
Ocuparam meu espaço na Heitor Penteado.
Desocupamos a Plínio Barreto.
Esquecemos por instantes a Frei Caneca.
Eu e o medo mudamos para a Maceió com a Consolação. Estamos nos estranhando. Relutando um com o outro. O medo do primeiro banho. A primeira noite. Os sons que invadem o apartamento...
Velho... Como me sinto nesse momento.
Velho... Sentado num canto da sala colando pedaços.
Refazendo peças.
Reescrevendo detalhes.
Juntando os pedaços p...u...l...v...e...r...i...z...a...d...o...s...
Em busca de uma noite tranqüila...
Inteira.

16 novembro 2008

Um dia quente...




O dia começou anunciando que seria diferente. Bastou abrir a janela do quarto para ser invadido pela luz e pelo calor do sol. Temperatura média de 30 graus.
Esse seria mesmo um dia quente.
Durante o banho, Célia Cruz me fez relembrar as noite cubanas. Calientes, envolventes e sedutoras. Foi um banho longo. Movimentos à cubana.
Realmente era um dia quente.
E para dias quentes pedem-se roupas leves, curtas e claras. Bastou caminhar em direção à Paulista para ver que muitos seguiram o conselho à risca. Pernas e braços à mostra. Muitas pernas e muitos braços... Tudo muito à mostra. Vestidos finos, em peles brancas... Silhuetas de inverno timidamente reveladas num sol de primavera.
Definitivamente era um dia quente.
O calor fez a cidade se movimentar mais lentamente. E os olhares para o desnudo foram inevitáveis. Na esquina da Paulista com a Itapeva uma cena inusitada. O policial militar não conseguia esconder o calor que sentia ao conversar com uma estudante de enfermagem... Timidamente ela segurava os livros enquanto trocavam olhares adolescentes. Cenas reveladoras de um dia quente.
O uniforme do PM revelava mais do que ansiedade. E a blusa branca transparente da jovem estudante dava os sinais de aprovação... Um sensual pedido de aproximação. Contra a lei? A favor da sedução.
O dia estava quente para todos...
E quando cheguei ao subsolo da cidade...
Um casal se agarrava dentro do metrô. Agiam como se estivessem sozinhos no vagão. As mãos eram de uma habilidade de fazer inveja a qualquer amante...
Os quadris não eram mais o limite.
Línguas ágeis.
Romanticamente nervosas matavam a sede um do outro.
O concreto frio que sustenta as estações do metrô nunca sentiu o sol da superfície. Hoje sentiu o calor dos jovens amantes. Corpos quentes escorados no concreto frio.
Um dia quente.
Até chegar ao trabalho e mergulhar no ar condicionado.

05 novembro 2008

É isso

Sucesso... De quem?





No dia em que o mundo comemora a vitória do primeiro Presidente negro da história dos Estados Unidos, eu resolvi discutir uma coisa chamada: sucesso.

[Do lat. successu.]
Substantivo masculino.
Bom êxito; resultado feliz.

Barack Obama é um vitorioso. Daqueles que vão entrar para a história como exemplo. Aquele que tinha tudo para dar errado, mas que deu certo. Origem pobre, filho de pai negro, mãe branca, americana desorientada. Família desestruturada. Força de vontade na escola... Único aluno negro... Até chegar a Harvard.
Definitivamente Obama é um exemplo de sucesso.
O que vai acontecer com ele a partir de agora prefiro esperar para conferir (me basta a experiência Lula).

Obama venceu a famosa corrida para a Casa Branca. Mas prefiro escrever sobre o John McCain. Aquele senhor setuagenário que ficou para trás na corrida. Faltou-lhe fôlego. O bom negro Obama, não ‘negou a raça’ e disparou na frente. Recorde de votos numa eleição histórica. Antes mesmo do resultado oficial McCain fez um discurso admitindo a derrota e cumprimentando o oponente (agora aliado) pelo sucesso da campanha e da carreira. O sucesso do jovem Obama atropelava o cansado e derrotado de cabelos brancos McCain.

Quantas vezes nos sentimos assim ao longo da vida? Derrotados. Atropelados. Mortos na praia. E aí me pergunto:
Qual a obrigação do sucesso?
Para quê tanto sucesso?
Ha pouco discutia com a Maria (uma colega aqui do trabalho) a saudade que sentimos da família que está longe. Saímos de nossas cidades para correr atrás do sucesso na cidade grande.
E será que vamos nos dar por satisfeitos algum dia?
Será que vamos parar de entrar em corridas ‘pela Casa Branca’?

‘Se não está preparado, então volte para o seu pequi com arroz e frango’!!!! Grita o meu superego.

Diariamente enfrentamos uma corrida como essa. Não importa se somos negros, brancos, pardos, latinos. Disputamos espaços no trânsito. No trabalho. Até a atenção dos outros precisamos disputar. Esta semana (uma semana muito especial para mim) resolvi me entregar ao esquecimento. Testar até que ponto as pessoas se importariam com a minha existência.
Se eu estou bem.
Se cheguei bem em casa.
Se resolvi aquele problema que me afligia.
Não tenho tido bons resultados. É incrível atender ao telefone para ouvir detalhes sobre a corrida a ‘Casa Branca’ alheia. Pouquíssima, quase raríssimas pessoas começam uma conversa dispostos a saber como vai a minha “corrida pela Casa Branca”. Se me permitem dizer, estou bem atrás do primeiro colocado. E talvez por isso queira um pouco mais de atenção. Se estivesse em primeiro lugar na disputa acho que também não olharia para trás.
Não é que isso que aprendemos? Nunca olhar para trás!!!!!!!!!

Obama não olhou para trás. Um líder deve se comportar dessa forma. E um líder como Obama não será diferente. McCain em breve será esquecido. Assim como John Kerry e Algore.
E nunca se esqueça! Só os primeiros serão lembrados.

Prefiro encarar este texto como uma pausa... Um respiro na minha corrida particular à Casa Branca.

Então, vamos à luta.

31 outubro 2008

Começar do ZERO

Discordo das pessoas que dizem que sempre recomeçam do ZERO. Isso é impossível. O caminho que percorremos nos modifica. Portanto, somos diferentes de quando começamos. Então não recomeçamos do ZERO. Estamos em outro estágio. Um recomeço de onde paramos. Sem deixar nada para trás. Chega de fazer de conta que as coisas desaparecem. Elas estão ao nosso lado... SEMPRE!!!! Desde que começamos do ZERO. Lembra??????

30 outubro 2008

Atmosphere

Hoje vim trabalhar com uma camiseta que comprei na Galeria do Rock. Uma homenagem a banda Joy Division . Influência de um antigo amigo que ficou até hoje. E hoje acho que uma música diz muito... Dá uma olhada só...




Walk in silence,
Don't walk away, in silence.
See the danger,
Always danger,
Endless talking,
Life rebuilding,
Don't walk away.

Walk in silence,
Don't turn away, in silence.
Your confusion,
My illusion,
Worn like a mask of self-hate,
Confronts and then dies.
Don't walk away.

People like you find it easy,
Naked to see,
Walking on air.
Hunting by the rivers,
Through the streets,
Every corner abandoned too soon,
Set down with due care.
Don't walk away in silence,
Don't walk away.

Acho que isso!!!!!!!

28 outubro 2008

Esse vale a pena...

Adorei este texto escrito pela Denise Silveira. Vale muito a pena conhecer mais um fragmento dessa paulicéia...
Ah, ela é minha coleguinha de trabalho...
Depois posto mais sobre ela.
Vai lá logo!!!!!!!

Chorando as pitangas...


Era um dia como todos os outros.
Mais um dia de trabalho.
Mais um dia de correria.
Mais um dia de poluição.
Mais barulho.
Como sempre caminhava em direção ao metrô.
Sem vontade de caminhar em direção ao metrô.
Olhos atentos aos meus passos. Corpo curvado como se arrastasse pela avenida.
A sacola à tira colo pesando uma tonelada.
Não queria ter que começar o dia, nem tampouco que ele se estendesse até à noite. Só queria um tempinho a mais.
Na cama,
no banho,
em casa...
De repente... um cheiro familiar chamou a minha atenção. Não sabia ao certo de onde vinha. Mas era tão doce... Tão familiar. Imediatamente comecei a procurar de onde vinha aquela lembrança olfativa. Foi quando olhei para o chão.
Lá estavam... os meus pés e as pitangas.

Caídas e esmagadas na calçada...
Aquele pedaço cheirava pitangas.
Cheirava a minha infância na casa dos meus avós.
Olhei para cima e lá estava ele. O pé de pitangas. Bem maior e mais imponente do que o que existia na casa da Vô Tunieta e do seu Zé Cândido.
Como pode? Passo naquele lugar há tanto tempo. E nunca tinha reparado que ali existia um... pé de pitangas.
Tentei localizar alguma que estivesse no ponto.
Várias pitangas brilhavam nos galhos mais altos. Fiquei parado por alguns minutos salivando. Enquanto minha cabeça transbordava de boas recordações. O quintal enorme da casa da vovó. Domingo à tarde, depois de ver o Silvio Santos íamos ‘catar’ pitangas. Bem lavadas.
Geladinhas.
Uma delícia.
Tive vontade de ‘trepar’ no galho mais alto em busca da mais saborosa.
Tão saborosa quanto às lembranças da infância.
Mas só consegui ficar com cheiro daquele dia.
Não alcancei nenhuma pitanga.
Mas hoje, é gostoso passar por ali.
É como passar na casa da vovó antes de ir ao trabalho.

Alguém sabe onde posso comprar pitangas?

22 outubro 2008

Pobre de quem é pobre...

Em menos de três horas...
Isso mesmo... em menos de três horas um funcionário da TIM me ligou para resolver o meu problema. Assim que eles receberam o e-mail que enviei para a assessoria de imprensa.
Em menos de três horas...
O consultor disse que os motivos alegados por mim não estavam corretos e insistiu em dizer que eu deveria ter ligado cancelando o chip.
(Eu estava na loja da TIM cancelando o chip e comprando outro aparelho! Lembram disso!?)). E em seguida me premiou: Como o senhor é um ótimo cliente e nunca passou por esse tipo de situação conosco, vamos considerar o seu pedido. Estamos fazendo isso por que o senhor é um bom cliente e nunca nos deu trabalho.
E me passou o código de barras com o novo valor de pagamento.
No Brasil dos pobres: duas semanas de negociação e nada.
No Brasil dos podres: um e-mail e três horas depois a liberação.

Pobre de quem é pobre... Não pode com os podres...

Vencido pelo cansaço...

Passei na loja da TIM hoje e o gerente não deixou nada lá pra mim. Fiquei p. da vida. Como consumidor no Brasil é desamparado nessas horas??!!!!
Cheguei na TV e liguei para o gerente. Aí veio a surpresa: ele disse estava fazendo uma gentileza para mim. Nada mais além disso. Gentileza? Que responsabilidade é essa? Fui almoçar, mas não consegui engolir essa história toda. Cheguei na redação e liguei mais uma vez para o call center. Sabia que não iria resolver nada, mas queria abrir mais um protocolo. Gostei dessa história. Liga lá, conversa horas com uma pessoa e depois vem o número do seu protocolo. Estou fazendo uma coleção deles. Acho que vou até jogar na loteria.
Sem saber o que fazer, me convenceram a ligar para a assessoria. O assessor me pediu para mandar um e-mail contando a história. Na hora pensei em colar o meu desabafo que postei aqui no blog, mas a Denise (minha companheira de mesa) achou melhor ser mais formal nesse momento. Reescrevi o e-mail. E decidi postá-lo aqui.

Oi Ivan,
conforme combinado segue a minha história de consumidor.

No dia 17/07/08 tive o meu telefone celular roubado. Foi roubado no estacionamento aqui em frente à Record. Só descobri no fim do dia quando retornei para pegar o carro. Imediatamente avisei a dona do estacionamento e fui até a loja da TIM mais próxima à minha casa. A do Shopping Frei Caneca, na Consolação. Comprei outro celular... Outro chip... E pedi para o vendedor que tentasse manter o mesmo número da minha antiga linha. Graças à tecnologia, em menos de uma hora, estava tudo resolvido.

Dois meses depois recebi a fatura com 28 ligações para a Bahia. O ladrão ligou para toda a família. Ao todo 130 reais. Todas feitas no mesmo dia do roubo. Liguei para o call center da TIM para contestar a conta. E aí começou o meu dilema. Depois de algumas tentativas descobri que o vendedor não bloqueou o meu chip. Apenas cancelou o chip roubado e cadastrou o meu número num chip virgem. Como essa alteração não consta no meu histórico, o sistema da TIM não pode fazer nada. Segundo a consultora, ficaria parecendo fraude contra o sistema.

No call center me mandaram para a loja. Mas o gerente da loja me informou que não pode fazer nada por mim. Aliás, ele disse que poderia me passar cópias dos documentos que comprovem a minha compra naquele dia. E também a mudança de chip. Fiquei de passar lá amanhã cedo para pegar os documentos.

Voltei a ligar no call center da TIM novamente. Desta vez foi mais por questão de desabafo. Minha conta vence no dia vinte e cinco. Achei melhor não pagar a conta até que tudo esteja resolvido. Liguei para registrar uma reclamação pelo atendimento que tive na loja e pela demora em me darem uma solução. Coisas de consumidor.

Estes são os protocolos abertos durante a minha negociação com a TIM:
2008450524731
2008447707226
2008447684985
2008447678510
2008447397913
Mais uma vez peço desculpas pelo transtorno. Sinceramente relutei em entrar em contato com vocês da assessoria e levei a negociação á diante por duas semanas. Sou daqueles que prefere acreditar que o sistema funciona. Mas estou sem alternativa. Me sinto parado no meio do caminho com um telefone na mão... E nada mais.
Desculpe. É desabafo.
O que interessa está nos parágrafos acima.

Obrigado!!!!!!!

21 outubro 2008

UM DIA... MAIS UM DIA... MENOS UM DIA.

Ainda não consegui resolver o problema com o celular.
Amanhã tenho que ir à loja pra conversar com o gerente.
Preciso pagar a conta de celular.
Mas antes preciso resolver o problema da conta.
Tenho dois dias pra fazer isso.
Preciso resolver um problema do contrato social da empresa.
Tenho dois dias pra fazer isso antes de emitir a próxima nota.
Tenho que ligar para o contador.
Meu carro começou a fazer barulhos estranhos hoje.
Estou com medo de ficar na mão por causa de problemas no carro.
Tenho que levar o carro para revisão.
Tenho que mandar lavar o carro. Está imundo.
Amanhã vence a prestação do carro.
Depois de amanhã mais contas pra pagar...
A casa está suja.
Preciso lavar louça...
Roupa...
Preparar algo para comer.
Preciso comprar ‘algo’ para comer.
Estou com sono.
Estou gordo.
Preciso de uma calça nova.
Minhas camisetas estão velhas.
A máquina de lavar está acabando com as minhas camisetas.
Minha meia branca está manchada.

“Estou cansado de ser gente grande.”

16 outubro 2008

A origem de tudo...

Quer saber quem é o verdadeiro Zorg?



E aproveite para ver este também e descobrir porque "O Quinto Elemento" marcou tanto:

15 outubro 2008

T.I.M. (Telefonia Incrivelmente de M...)

Vou contar essa história pela milésima vez:
Há dois dias (tudo começou no dia 14/10) ligo insistentemente para o serviço de atendimento aos clientes da Telefonia Incrivelmente de M.., conhecida como TIM. Caso você não saiba:
‘Para Clientes Incrivelmente de M... basta ligar do seu aparelho para o número: *144’.
Existe um 0800, mas prefiro me ater a minha experiência no *144. Não preciso dizer que foram horas perdidas até conseguir a atenção completa de um dos atendentes. Nessa minha saga passei por centrais de atendimento em várias partes do país.
Viva a globalização!!!!
Fui atendido por gentis desconhecidos e desinformados do Sul, Sudeste, Nordeste e Centro Oeste. A última funcionária era dona de um sotaque tão mineiro que me deu saudade de casa. Da terrinha. Do meu Goiás.
Mas estava há horas esperando por uma solução.
Pasmem!!!!
Em dois dias e horas de tentativas conversei com 11 atendentes.
Para todos repeti a mesma história:

- Olá boa tarde, bom dia, boa noite.

No dia 17/07 tive o meu telefone celular roubado.
(Não se preocupem foi roubado no estacionamento onde deixei o carro.)
Como um cidadão exemplar, fiz o boletim de ocorrência e me dirigi até a loja mais próxima da TIM.
Comprei outro celular...
Outro chip...
E pedi para o vendedor que tentasse manter o mesmo número da minha antiga linha. Como num passe de mágica, e graças à tecnologia, em menos de uma hora, estava tudo resolvido. Empolgado com o meu novo aparelho e para esquecer a chateação do assalto ainda comprei acessórios para o celular. Chip de memória, cabos para conexão no computador... Essas maravilhas da vida moderna.

- Você está me ouvindo?

- Sim, senhor. Estou anotando no seu protocolo de atendimento.

Dois meses depois recebi a fatura com 28 ligações para a Bahia. O ladrão ligou para toda a família. Ao todo 130 reais.
Portanto, caro atendente, estou ligando para contestar a conta. Acho, ou melhor, tenho a petulância de achar que não sou obrigado a pagar pelo desvio de conduta dos outros, nem pela miséria dessa sociedade de M...

- Sim... tudo bem. Eu aguardo mais um pouco.

Fui direcionado para a loja da conceituada empresa de telefonia para resolver o que decidiram chamar de falha no sistema – da loja.
Falha humana, mesmo.
Me venderam tudo o que eles tinham e esqueceram do principal:
registrar o roubo no sistema.
Portanto, não podem cancelar ligações que teoricamente foram feitas por mim.

- Mas senhor, calma. Tente entender. Se não há o registro no sistema não podemos fazer nada.
- Se eu fizer alguma coisa o sistema vai entender que estou fraudando o sistema.

Ela tinha razão.
Eu queria fraudar o sistema em 130 reais.

- Só mais um minuto, por favor, enquanto consulto o sistema.

O que ninguém percebeu é que o sistema deletou um crime. Se não foi registrado no sistema, não existiu. Eu não tive o meu celular roubado. Eu fiz as ligações para os parentes na Bahia.
Será?
O sistema pode ter razão.
Não!!!!!! O sistema tem razão...

- Senhor, desculpe da demora. Realmente fizemos uma análise no sistema e ele não reconhece a sua reclamação. Mais alguma dúvida?

Se eu tinha mais alguma dúvida?
Não acreditei quando ouvi isso.
Eu não tinha dúvida alguma. A partir daquele momento, eu tinha uma certeza:

ESTAVA LIGANDO PARA UMA CENTRAL DE ATENDIMENTO DE M...
DE UMA OPERADORA DE M...
SENTADO NUMA CADEIRA DURA DE M...
NUM PAÍS DE M...

11 outubro 2008

Astros miopes...

As fotos são grandes mesmo...
Uma estrela precisa de fotos grandes...
A maioria das estrelas é miope...
Tem uma dificuldade de ver quem realmente são...

Eu sou uma estrela... Agora eu sou uma estrela...



No fundo... No fundo eu sempre achei que eu era uma estrela...
Ou que pelo menos tinha tudo para ser uma estrela...
Tinha todas as neuras que uma estrela tem.
Manias de estrela.
Relógio biológico de uma estrela.
Apetite de estrela.
Criatividade de estrela.
Mas achava que não era uma estrela.
Achava que era apagadinho que só vendo.
Hoje eu sou uma estrela. Agora eu sou uma estrela...



Em casa...


Tomando um vinho...


Queijos...


Chico César.
E a mente fervilhando de pensamentos.
O coração repleto de sentimentos.

De diferentes tipos. Tamanhos, cores e odores.
Tenho todos dentro de mim hoje.
Alguns estão em festa.
Outros meio ressentidos com a vida.
Outros querendo ir à forra.
E outros pedindo um pouco mais de vinho.
Quer mais estrela do que isso? Ou será esquizofrenia?
Mas que estrela não é esquizofrênica?
Hoje eu sou uma estrela. E o melhor... O brilho é tão próprio. Tão de dentro.
Lembra quando a gente queria que a vida da gente tivesse a cara da gente. É isso. Descobri uma vida nova... Uma cara nova. Estranha... desgranhenta, mas tão rica...
Outro dia me enfiei debaixo de uma prateleira... Em busca de vinis antigos... Sentei-me no chão... Revirei a poeira e salvei as delícias da Bossa Nova... Limpei o rosto empoeirado da Elza Soares. A jovem Elza Soares...
Estava ali no cantinho da loja... Sentado no cão... Revirando o que de mais antigo havia por ali...
Eu era uma estrela... Agora eu sou uma estrela.
Achei Elis... E descobri que eu era uma estrela... Pobre...
Pobre estrela. Sessenta reais por uma de suas gravações. Ela era uma estrela. Um bolachão por sessenta reais. E eu ali no chão...
Mas ao lado dos vinis ‘a um real’ voltei a me sentir uma estrela...


Poderia comprar dez de uma vez... Xuxa... Djavan... Trem da Alegria... Simoni...



Achei melhor comprar só a Rita Lee... e o Charles Asnavour.

Isso é ser uma estrela. Saber o melhor momento para agir.
Literalmente limpar a poeira da bunda e sair de fininho...
Mas carregar os meus vinis pela Paulista me fez sentir uma estrela novamente. Assim como estou hoje. Como uma estrela, tenho hora marcada para terminar a minha noite. Assim que terminar de ouvir os dois vinis adquiridos na Augusta...
Me renderei aos CDs.
Acho que sim...
Mais um gole de vinho.
Antes da despedida.

03 outubro 2008

NÃO QUERO COMENTÁRIOS...

Só isso.
Sem comentários.

O mundo de bob caiu...

É noite... Acabei de chegar em casa... Não quero pensar nas palavras... Tampouco se alguém vai acompanhar essa miséria humana... Por isso escrevi aqui... É o limbo. O nada. Onde a gente acha que vai e não vai... Onde a gente acha que acontece e não acontece. Acabei de voltar da balada - quinta-feira - e voltei da balada. Meu amigo levou uma porrada na cara. E todos foram embora da festa. Ele ficou. Com a porrada escorrendo pela cara. E nós pagamos a conta dele. Miséria. Miséria é ver as pessoas batendo em retirada. Eu... Eu não tenho nada a ver com isso. Ele pediu. Eles pediram. Eu estava na platéia. E mereci uma porrada por isso. Porque estava na plateia. Mais uma vez... Apenas assistindo. E depois chorando no chuveiro. Pelo soco que eu levei. Não o da balada. Mas aquele que vem logo em seguida. A turma toda está lidando com a porrada. Cada um a seu modo. Cada um com seus fantasmas. Esse soco também dói em mim. Queria dizer que estou aqui chorando por causa dele. E não entendo porque isso foi necessário. Mentiras. Mentiras. Não adianta. Pet Shop Boys, Erasure, depeche mode... porrada. Pancada. Chega de interpretações. Nessa hora não consigo dizer quem está mais feliz... Quem ultrapassou a linha da porrada... ou a platéia. Show de horrores. Parabéns. A lucidez está próxima. Vou voltar para a platéia. Inerte. Antes que leve uma porrada por comentar o que não deveria ser comentado. Silêncio... Boa noite...

10 setembro 2008

Matou os pais, comeu a terapeuta e abriu um blog...


Era mais uma tarde como todas as outras.
Final de trabalho.
Matéria decupada, encaminhada para o dia seguinte.
Momento de descontração... quando me veio uma idéia - a velha idéia de sempre: PORQUE NÃO CRIAR UM BLOG PRA MIM?.
Um lugar onde eu pudesse registrar meus momentos de devaneio literário, minhas frustrações, meus desejos, meus deleites e minhas revoltas...
Foi um rompante... como quase todas as coisas boas que já fiz na minha vida. Rompantes impensados.
Pari o meu blog com a ajuda das mãos hábeis do Chico e sob os olhares atenciosos do Bruno e da Denise.
Deixei meu primeiro recado e fui pra casa.
No metrô pensei em todas as possibilidades. As fotos e as histórias que gostaria de compartilhar com o universo.
Astronautas internautas.
Foi aí que tive o primeiro medo.
Medo de recém nascido.
De recém chegado.
Recém parido.
Congelei na estação Santa Cecília.
De repente senti os olhos do mundo sobre mim. Da versão eletrônica de mim.
E isso não era bom.
Nunca foi bom.
Sete anos de terapia e ser o centro das atenções – “da minha atenção” ainda era complicado.
Como escrever para um universo de desconhecidos?
E se dissesse algo errado?
Algo que alguém em algum lugar discordasse?
Olhos foram se aproximando de mim...
Cada vez mais perto.
Sufocado pelos olhares até a Sé... Minha estação preferida.
Tanta gente. Tantos estranhos. Era isso. Tantos estranhos que não se ouvem. Mal se enxergam. E agora temos a possibilidade de mudar isso. Ou melhor, agora eu tenho a possibilidade de fazer isso.
Pouco a pouco fui encarando os olhos. E embarquei rumo ao Jabaquara. Estava só, na linha norte e sul. E me lembrei de quando voltava só, pra casa, em Goiânia, no Eixo Norte- Sul.
Os mesmos olhares.
Mas era necessário colocar pra fora. A criança do cala boca – falou pela primeira vez.
E eu ouvi...
Não precisava mais de mãos másculas para me guiar.
Aprendi a andar. E andei tanto... que aprendi a gostar dos meus próprios passos.
Lentos, dosados, gozados, mas firmes.
Já tropecei tanto que mais um não seria novidade. Apenas a confirmação de que é preciso seguir em frente.
Os olhos foram desaparecendo aos poucos. Era necessário enfrentá-los. Como sempre. Apenas enfrentá-los.
Estava no Paraíso.
Quase em casa.
E quase com a certeza do que iria escrever naquela noite.
Mais algumas estações...
Percebi que tinha que esquecer a perseguição. Afinal de contas os perseguidores já me esqueceram.
Casaram, tiveram filhos e aprenderam suas próprias lições...
Hoje até escrevem em blogs...
Sobem em palcos.
Porque eu não iria fazer o mesmo?
Ah, estava cada vez mais encorajado a construir o meu próprio palco eletrônico. Até chegar ao símbolo máximo da cultura paulistana... A gota final da viagem de volta pra casa...
O MASP.
Celeiro dos grandes mestres.
Pensei: se eles tivessem tido vergonha não estariam imortalizados ali dentro. Não teriam enfrentado o novo, os olhares e as divergências. Desci a Paulista com ar de Semana de Arte Moderna. A cabeça fervilhava de novas histórias. Cheirava o cheirinho de paulicéia. Buscava inspiração numa cidade que transpira motivos...
O melhor de todos... Eu mesmo.
Engoli a saliva... Respirei fundo... Cheguei em casa...
Estava pronto...
Mas ainda com medo...
Só uma semana depois me debulhei em inspiração.
Feliz.
Realizado.
Apavorado.
Maravilhado.

27 agosto 2008

Primeira vez...

Como tudo na vida...
Mais uma primeira vez...
Por enquanto um buraco negro à espera de algo...
De mim...
Gostei... Disso.