21 janeiro 2009

Fragmentos...

Era um rapaz negro, magro, lábios grossos, cabelo raspado. Ele vestia uma blusa vermelha. Furos espalhados na gola e nas mangas. Uma sacola de plástico na mão esquerda e um pequeno papel na direita.

“Eu peço a ajuda de vocês que estão aqui no metrô. Eu estou desempregado e tenho um filho pequeno para criar. Aceito qualquer tipo de ajuda. Dez centavos, cinqüenta centavos. Eu estou procurando emprego. Aqui está o meu currículo. Como não consigo estou aqui pedindo ajuda para criar o meu filho.”

Ao lado dele outro rapaz negro. Camisa preta, cabelos também raspados. Óculos de grau emolduravam o rosto redondo. Lábios finos. Olhos esticados. Era para ser uma imagem corriqueira. Comum nos trens e metrôs da paulicéia. Até que algo curioso aconteceu: Entre os dois uma conversa rápida. Sussurrada. Quase consumida pelo barulho dos trilhos. Um fragmento de duas vidas:

“Eu também estou desempregado. (Disse o rapaz de preto). Também estou à procura de emprego. Você não acha que um vagão de metrô é o ultimo lugar para conseguir um emprego? Eu também estou na mesma situação que você”.

Segurando o currículo, a sacola de plástico e dez centavos que ganhou de uma passageira o rapaz ouviu atentamente o comentário. E saiu:

“Eu peço a ajuda de vocês que estão aqui no metrô. Eu estou desempregado e tenho um filho pequeno para criar. Aceito qualquer tipo de ajuda. Dez centavos, cinqüenta centavos. Eu estou procurando emprego. Aqui está o meu currículo. Como não consigo estou aqui pedindo ajuda para criar o meu filho.”

20 janeiro 2009

A Casa da Luz Vermelha...



Comprei um abajur.
De plástico.
Vermelho.
Dentro dele... uma pequena lâmpada.
Delicada. Em forma de vela.
Um dia depois da compra fiz a inauguração solene.
O abajur aceso.
Cerveja gelada.
Incenso de canela.
E música de boa qualidade.
Luz vermelha e canela... A combinação perfeita.
Fiz um passeio pelos meus caminhos.
A casa barulhenta ganhou uma nova cor.
Um cheiro diferente...
e um morador que vai mudando aos poucos.
Estou chegando agora em casa.
Lentamente nos descobrindo.
Tempo... Nada mais que o tempo.

06 janeiro 2009

Feliz Ano Novo

Não é que me falte inspiração.
É que ultimamente tudo tem falado tanto de mim.
As palavras ganharam um poder cortante.
Rasgam minha vida em verdades constrangedoras.
Não é que me falte inspiração.
Me falta força para controlar os pensamentos.
Que insistem em falar tanto de mim.
Descaradamente.