11 julho 2010

Encapsulado

Sentado na pequena sala.
Sensação estranha.
Estreito demais.
Cheiro de cigarro e incenso.
Música.
Álcool.
E desespero.
Volume no máximo.
É o máximo de mim.
Foi o máximo.
Sempre gostei de testar os meus limites.
E a vida sempre gostou de me testar. Eu sei que você sempre gostou.
Sempre me achei bom(zinho).
E a vida me fez o favor de colocar momentos de grande maldade.
Será que é verdade?
Às vezes, bem às vezes quero crer que sim.
Estou cercado.
Me cerquei.
Tantas vozes.
Tantos desejos.
Tantos sussurros.
Todos dentro da minha cabeça.
Dançando ao som das minhas velhas músicas. Mais uma contração...
Como dói parir idéias.
Medo de trincar o espelho. Já trincado.
De ficar com a geladeira vazia.
De tocar a música errada.
De estar errado.
E ter a certeza que que o certo está tão perto.
Hoje descobri um dom. Uma especie de poder. Super poder.
O de me encapsular...
Virei meu próprio comprimido. Cápsula plástica.
Transparente.
E o mundo lá fora.
Estou protegido. Até quando?
E quanto isso irá me custar.
Podem gritar... Gritem a vontade.
Vocês não me incomodam mais.
Os sons nunca me incomodaram.
Mas, por favor, parem de gritar dentro de mim.
Alma atormentada.
Intenso demais para sobreviver a mim mesmo. Levem um pouco de mim quando forem embora... da minha casa.
Estou dentro da capsula.
Vendo a vida embaçada.
Sons embaçados.
Meu suor embaçando minha própria visão.
Overdose do meu cheiro.
Plástico roçando a minha pele.
Palavras soltas.
Meu varal estendido. Desta vez tão sem sentido.
Damas em primeiro lugar.
E os cavalheiros que se danem. Que esperem seus cavaleiros...
Cavaletes... E uma tela...
Sem coragem para pintar. Sem coragem.
Coragem apenas para dizer que sou...
Sou tão...ENCAPSULADO...

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